sábado, 11 de outubro de 2008

Cartola - 100 Anos

Todas as informações que seguem são do mais completo saite sobre MPB, Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Vale a visita diária a este que é praticamente uma enciclopédia da nossa música.

Cartola (Angenor de Oliveira)

* 11/10/1908 Rio de Janeiro, RJ

+ 30/11/1980 Rio de Janeiro, RJ

BIOGRAFIA

Angenor de Oliveira - Cartola (imagem I)
Compositor. Cantor. Violonista.

Nascido na rua Ferreira Vianna, no Catete, era o primogênito dos oito filhos do casal Sebastião e Aída. Apesar de ter recebido o nome de Agenor, foi registrado como Angenor. Mas esse fato ele só viria a descobrir muitos anos mais tarde, ao tratar dos papéis para seu casamento com D. Zica, nos anos de 1960. A partir de então, para não ter que providenciar a mudança do nome no cartório, passou a assinar oficialmente seu nome como Angenor de Oliveira. Ainda na infância, mudou-se com a família para o bairro das Laranjeiras, onde entrou em contato com os ranchos União da Aliança e Arrepiados. Neste último, tocava um cavaquinho que lhe fora dado pelo pai quando tinha somente 8 ou 9 anos de idade. Seu entusiasmo por esse rancho era tanto que, mais tarde, ao participar da fundação da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, em abril de 1929, sugeriu que aquela agremiação tivesse as mesmas cores do rancho Arrepiados: verde e rosa. Desde então, essas duas cores passaram a formar um símbolo dos mais reverenciados no mundo do samba.

Na verdade, soube depois por Carlos Cachaça, que existira no Morro da Mangueira um antigo rancho de carnaval com o nome de Caçadores da Floresta, cujas cores eram exatamente o verde e o rosa. Em 1919, foi morar no Morro da Mangueira, aos 11 anos de idade. Sua família passava, então, por dificuldades financeiras. Pouco depois, começou a travar amizade com um outro morador da Mangueira, Carlos Cachaça, seis anos mais velho, e que se tornaria, além de amigo por toda a vida, o seu parceiro mais constante em dezenas de sambas.

Fez o curso primário. Após a morte de sua mãe, abandonou os estudos para trabalhar, ao mesmo tempo em que se inclinava para a vida boêmia. Durante a adolescência trabalhou numa tipografia e também como pedreiro. Vem daí o apelido com que se tornaria reconhecido como um dos grandes nomes da Música Popular Brasileira: enquanto trabalhava nas obras de construção, para que o cimento não lhe caísse sobre o cabelo, resolveu passar a usar um chapéu- de- côco que os colegas diziam parecer mais uma cartolinha. Assim, começou a ser chamado de "Cartola". Nessa época, conheceu Deolinda, mulher sete anos mais velha, casada e com uma filha de dois anos. Certa vez, se sentiu doente e Deolinda, vizinha do barraco ao lado, se oferece para cuidar dele. Os dois acabam se envolvendo. Tinha na época apenas 18 anos e estava morando sozinho. Decidem viver juntos e Deolinda deixa o marido, levando a filha que o compositor irá criar como sua. Sob seu teto e de Deolinda, Noel Rosa foi se abrigar algumas vezes, à procura de um refúgio tranqüilo, como contam João Máximo e Carlos Didier em "Noel Rosa, uma biografia".

Participou da formação do Bloco dos Arengueiros, em 1925, que viria a ser o embrião da Mangueira. Em 1946, aos 38 anos de idade, contraiu meningite e ficou impossibilitado de continuar a trabalhar por um longo tempo. Com a morte de Deolinda, deixou o Morro da Mangueira, afastando-se do mundo do samba, por cerca de dez anos. Conseguiu trabalhos modestos, como o de lavador de carros e vigia de edifícios. Era esse o seu ofício, em meados dos anos 1950, num edifício em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro. Numa noite de 1956, em que resolveu beber um café num botequim próximo ao edifício onde trabalhava, encontrou o escritor Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) que imediatamente o reconheceu. Ao ver o compositor naquele macacão, molhado, o escritor decidiu ajudá-lo. Na ocasião, era dado como desaparecido ou mesmo morto, por muitos de seus conhecidos e admiradores. O reencontro com Sérgio Porto foi definitivo para a retomada de sua carreira como músico e compositor.

Começou a participar de programas na rádio Mayrink Veiga e depois foi trabalhar como contínuo no jornal Diário Carioca, por recomendação do cronista e pesquisador Jota Efegê. Empregou, anos depois, como contínuo do Ministério da Indústria e Comércio e teve uma casa em terreno doado pelo Governo do Estado da Guanabara. No início dos anos 1960, vivendo com Eusébia Silva do Nascimento, a Zica, abriu com ela o restaurante Zicartola, num casarão na Rua da Carioca, no Centro do Rio. A iniciativa contou com o apoio financeiro de empreendedores considerados "mangueirenses de coração", como o empresário Renato Augustini. A receita para o sucesso do estabelecimento, que se tornaria uma página importante na história da música popular brasileira, era das mais simples e saborosas. Na cozinha, D. Zica comandava o tempero do feijão que lhe tornou famosa, enquanto ele fazia as vezes de mestre de cerimônias, propiciando o encontro entre sambistas do morro e compositores e músicos de classe média. No Zicartola, por exemplo, Paulinho da Viola começou a cantar em público.

Em 1978, transferiu-se da Mangueira para uma casa em Jacarepaguá, mas sempre voltava para visitar os amigos no morro onde crescera e se tornara famoso. Em 1979, descobriu que estava com câncer, doença da qual viria a morrer no ano seguinte, aos 72 anos de idade. Após o velório na quadra da Estação Primeira de Mangueira, seu corpo foi sepultado no Cemitério do Caju. Durante os anos seguintes, viriam homenagens póstumas, discos e biografias que o confirmariam como um dos maiores nomes da música popular brasileira.



DADOS ARTÍSTICOS
Cartola (imagem II)
Em 1925, com o amigo e parceiro Carlos Cachaça, fundou o Bloco dos Arengueiros, que, três anos mais tarde, ao se unir a outros blocos do Morro da Mangueira, levou à criação, em 28 de abril de 1928, da Estação Primeira de Mangueira. Além dele e Carlos Cachaça, participam da fundação da segunda escola de samba, a primeira havia sido a "Deixa Falar", fundada por Ismael Silva e Bide, entre outros, no Estácio, Saturnino Gonçalves, Pedro Caymmi, Marcelino, José Claudino e Francisco Ribeiro. No mesmo ano, compôs o primeiro samba para um desfile da Mangueira, "Chega de demanda".

Em 1929, procurado pelo cantor Mario Reis, através de um estafeta chamado Clóvis Miguelão, segundo o pesquisador Luís Antônio Giron, vendeu a ele o samba "Que Infeliz Sorte!", que acabou sendo gravado, em novembro daquele ano, não por Mario Reis, mas por Francisco Alves, sendo assim, seu primeiro samba gracado. A aproximação com Francisco Alves o tornou conhecido como compositor. Assinava então Agenor de Oliveira. Em 1932, Francisco Alves e Mário Reis gravaram em dueto seu samba "Perdão, meu bem". Vendeu outros sambas a Francisco Alves, que gravou no mesmo ano o samba "Não faz mal amor", parceria com Noel Rosa, cujo nome não apareceu no rótulo do disco. Ainda nesse ano, Francisco Alves gravou o samba "Qual foi o mal que eu te fiz", lançado no ano seguinte, Carmen Miranda o samba "Tenho um novo amor" e Sílvio Caldas o samba "Na floresta", parceria dos dois.

Em 1933, Francisco Alves gravou o samba "Divina Dama", que viria a ser usualmente considerado seu primeiro sucesso popular. Ainda nesse ano, Arnaldo Amaral gravou o samba "Fita meus olhos", parceria com Osvaldo Vasques. Ao contrário de outros compositores da época, não vendia a autoria das músicas, mas apenas o direito sobre a vendagem dos discos, razão pela qual seus sambas continuavam a sair assinados por ele. Em 1936, Aracy de Almeida gravou na RCA Victor o samba "Não quero mais", parceria com José Gonçalves, o Zé da Zilda e Carlos Moreira de Castro, o Carlos Cachaça. No ano anterior, esse samba fora premiado no desfile da Mangueira.

Continuou dedicando-se à Escola de Samba que ajudara a fundar. Sua primeira parceria com Carlos Cachaça, "Pudesse meu ideal", vence o concurso promovido pelo jornal O Mundo Esportivo. Vieram então alguns anos de sucesso e fama, a amizade e parceria com Noel Rosa, freqüentador de sua casa na Mangueira, as visitas de Villa-Lobos, que se tornou admirador de suas composições e o indicou para participar, em 1940, das gravações regidas pelo maestro Leopold Stokowski a bordo do navio Uruguai, ancorado no cais da Praça Mauá. Na ocasião, interpretou, ao lado de pastoras da Mangueira, o samba "Quem me vê sorrindo", parceria com Carlos Cachaça. Dessas gravações regidas por Stokowkski, foram produzidos oito discos de 78 rpm, registrando, além da sua primeira gravação, o coro da Mangueira com as vozes de D. Neuma e de suas irmãs, a clarineta de Luís Americano, emboladas de Jararaca e Ratinho, a flauta de Pixinguinha, além das participações de Donga e João da Baiana e um arranjo de Villa-Lobos para o tema indígena Canidé Joune.

Passou, então, a cantar no Rádio, interpretando composições próprias e também de outros autores. Juntamente com Paulo da Portela, apresentou, na Rádio Cruzeiro do Sul, o programa "A Voz do Morro", que lançava sambas ainda inéditos e sem título e no qual os ouvintes é que deviam dar nome aos sambas. Assim, o programa premiava o ouvinte que tivesse sugerido o título escolhido para o samba. Com Paulo da Portela e Heitor dos Prazeres formou, em 1941, o "Conjunto Carioca", que chegou a se apresentar em programas radiofônicos em São Paulo. Nesse ano, Ataulfo Alves gravou na Odeon o samba "Não posso viver sem ela", parceria com Alcebíades Barcelos.

Em 1948, a Mangueira venceu o desfile das escolas-de-samba com um samba seu também feito em parceria com Carlos Cachaça, " Vale do São Francisco", mas ele nem dá sinal de vida. Em 1952, Gilberto Alçves gravou na RCA Victor o samba-canção "Sim", parceria com O . Martins. Foi somente após o reencontro do compositor com o cronista Sérgio Porto, em 1956, que retomou lugar de destaque no cenário da música popular. Primeiro, na Rádio Mayrink Veiga, para onde foi levado pelo próprio Sérgio Porto. Em 1958, foram gravados seus sambas "Grande Deus", por Jamelão na Continental e "Festa da Penha", por Ari Cordovil no pequeno selo Vila.

Passou mais um período obscurecido somente voltando a aparecer no cenário musical no início dos anos 1960, ao lado daquela que seria sua companheira até o fim da vida, D. Zica, quando inaugurou o Zicartola, na Rua da Carioca, ponto de encontro de sambistas de morro e jovens de classe média que se interessavam pelo chamado "samba de raiz". Em 1960, Nuno Veloso gravou na RCA Victor o samba "Vale do São Francisco", com Carlos Cachaça. No Zicartola, desafiado pelo amigo Renato Agostini, compôs com Elton Medeiros, em cerca de 30 minutos, o samba "O sol nascerá", que se tornaria logo um sucesso e, anos mais tarde, um clássico. A mesma facilidade para compor experimentaria num samba feito a seis mãos. Compusera com Carlos Cachaça a primeira parte de um samba que decidiram mostrar a Hermínio Bello de Carvalho, que escreveu então os versos da segunda parte, que ele musicou na hora. Nascia assim uma de suas composições mais famosas: "Alvorada no morro". Em 1964, o samba "O sol nascerá", foi gravado por Isaura Garcia na Odeon e por Nara Leão no selo Elenco. Em 1965, gravou na Som Livre seu samba "Alegria". Nesse ano, Elizeth Cardoso gravou na Copacabana o samba "Sim", com O . Martins e Leny Andrade, Pery Ribeiro e Bossa Três regravaram "O sol nascerá".

Em 1966, gravou com Clementina de Jesus na Copacabana seu samba "Fiz por você o que pude". Em 1968, participou em duas faixas do LP "Fala Mangueira", que teve também gravações de Nelson Cavaquinho, Odete Amaral, Clementina de Jesus e Carlos Cachaça, entre outros, um lançamento da Odeon. Nesse ano, gravou com Odete Amaral na Odeon seu samba "Tempos idos", com Carlos Cachaça e Cyro Monteiro gravou na RCA Victor o samba "Tive sim". Em 1970, a Abril Cultural lançou um volume dedicado à sua obra na série "História da música popular brasileira" no qual interpretou o samba "Preconceito", de sua autoria. Em 1972, Paulinho da Viola gravou na Odeon o samba 'Acontece" e Clara Nunes, também na Odeon, "Alvorada no morro". De Carvalho. Em 1973, Elza Soares gravou na Odeon o samba "Festa da vinda", com Nuno Veloso.

Somente em 1974, aos 65 anos, gravou o primeiro LP inteiramente seu, pelo selo Marcus Pereira, produzido por João Carlos Bozelli, o Pelão e com direção artística de Aluizio Falcão. A crítica só teve elogios para esse disco no qual interpretou os sambas "Acontece", "Tive, sim", "Amor proibido", "Alegria", "Fiz por você o que pude" e "Chega de demanda", apenas de sua autoria, "Quem me vê sorrindo" e "Vale do São francisco", com Carlos Cachaça, "Festa da vinda", com Nuno veloso, "Corra e olha o céu", com Dalmo Castelo, "Ordenes e farei", com Aluísio Dias e "Alvorada", com Carlos Cachaça e Hermínio B. Carvalho.

Também em 1974, a gravadora Marcus Pereira lançou o LP "História das escolas de samba: Mangueira", no qual ele interpretou algumas faixas. Pouco depois, durante uma entrevista ao radialista e produtor Luiz Carlos Saroldi, num programa especial para a Rádio Jornal do Brasil AM, apresentou dois sambas ainda inéditos: "As rosas não falam" e "O mundo é um moinho". Saroldi logo se deu conta de que acabara de ouvir duas obras-primas da música popular. Ainda em 1974, participou do programa radiofônico "MPB - 100 ao vivo", produzido e apresentado por R. C. Albin em cadeia nacional de emissoras para o Projeto Minerva. Os programas foram editados em oito LPs com o mesmo título, lançados pelo selo Tapecar e neles, ocupou todo um lado de um dos discos, deferência só concedida a dois outros convidados, Luiz Gonzaga e Paulinho da Viola, que estão começava. Também no mesmo ano, participou da série de espetáculos sobre a história da MPB, produzida e também apresentada pessoalmente por R. C. Albin no Ibam, no bairro carioca de Botafogo, em que atuou ao lado da cantora Rosana Tapajós e do flautista Altamiro Carrilho. O show intitulou-se "O sol nascerá" e ali sua vida mais uma ves era narrada em revista.

Em 1976, elas seriam lançadas no seu segundo LP, também pela Marcus Pereira. Na gravação de "O mundo é um moinho", foi acompanhado ao violão por Guinga, então um rapaz de apenas 20 anos, mas já um talentoso instrumentista. Ainda nesse disco, interpretou suas composições "Minha", "Sala de recepção", "Aconteceu", "Sei chorar", "Cordas de aço" e "Ensaboa". Gravou também as canções "Preciso me encontrar", de Candeia, "Senhora tentação", de Silas de Oliveira e "Pranto de Poeta", Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito. Também nesse ano, Clementina de Jesus gravou "garças pardas", parceria com Zé da Zilda.

Em 1977, gravou pela RCA Vctor o LP "Verde que te quero rosa", título de uma de suas músicas, em parceria com Dalmo Castelo. Desse LP fazem parte o samba-canção "Autonomia", com arranjo e acompanhamento ao piano de Radamés Gnatalli, além de "Nós Dois", composta especialmente para o casamento com D. Zica, em 1964. Recriou "Escurinha", samba do mangueirense Geraldo Pereira, falecido prematuramente em conseqüência de uma briga com "Madame Satã". O texto de apresentação do disco, produzido por Sérgio Cabral, é assinado pelo especialista em samba Lúcio Rangel. Estão presentes ainda os sambas "Desfigurado", "Grande Deus", "Que é feito de você", "Desta vez eu vou" e "Nós dois", de sua autoria, "Fita meus olhos", com Osvaldo Vasques e "A canção que chegou", com Nuno Veloso. Nesse ano, Beth Carvalho gravou com sucesso "O mundo é um moinho" e a Rede Globo apresentou o programa "Brasil Especial", escrito pelos críticos Sérgio Cabral e R. C. Albin, com direção de Augusto César Vannucci inteiramente dedicado a sua vida e obra. No mesmo ano, participou do Projeto Pixinguinha, ao lado de João Nogueira, em shows no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, sempre com os teatros lotados. Também em 1977, foi convidado pela Prefeitura de Curitiba para integrar o juri do desfile das escolas de samba locais, onde, pela primeira e única vez julgou um desfile das escolas que ele ajudara a fundar ao começo dos anos 1930.

Em 1978, gravou com Eliana Pittman na RCA o samba "Meu amigo Cartola", de Roberto Nascimento e, com Odete Amaral na EMI-Odeon o samba "Tempos idos", parceria com Carlos Cachaça. Ainda nesse ano, "As rosas não falam" foi regravada por Valdir Azevedo, João Maria de Abreu, Joel Nascimento e Fagner. Também no mesmo ano, Elizeth Cardoso gravou "Acontece", na Copacabana e Odete Amaral ""Alvorada", na Emi-Odeon. Também em 1978, apresentou-se em seu primeiro show individual, "Acontece", título de uma de suas músicas de maior sucesso, gravada por Gal Costa em 1974, e por Caetano Veloso na década de 1980. Durante a apresentação no Ópera Cabaré, em São Paulo, no mês de dezembro, o show foi gravado ao vivo, por iniciativa de J.C. Botezelli, mais conhecido como "Pelão" - o responsável pelo primeiro disco de Cartola, lançado pela Marcus Pereira. Esse registro ao vivo só sairia em LP dez anos após a morte do compositor.

Em 1979, lançou na RCA o LP "Cartola 70", também foi produzido por Sérgio Cabral, no qual interpretou seus sambas "Feriado na roça", "Fim de estrada", "Enquanto Deus consentir", "Dê-me graças, senhora", "Evite meu amor", "Bem feito" e "Ao amanhecer", além de "O inverno do meu tempo" e "A cor da esperança", com Roberto Nascimento; "Ciência e arte" e "Silêncio de um cipreste", com Carlos Cachaça; "Senões", com Nuno Veloso e "Mesma estória", com Elton Medeiros. Aina nesse ano, Nelson Gonçalves e Emílio Santiago regravaram "As rosas não falam". Em fins de1979, participou de um programa na Rádio Eldorado, de São Paulo, no qual contou um pouco de sua vida e cantou músicas que andava fazendo. Essa entrevista foi posteriormente lançada em LP, nos anos 1980, e depois em CD, com o nome "Cartola - Documento Inédito".

Em 1980, a cantora Beth Carvalho, gravou "As rosas não falam", um dos carros-chefe de seu repertório e, "Consideração", com Heitor dos Prazeres. Com Nelson Cavaquinho, uma outra legenda entre os compositores ligados à Mangueira, compôs apenas "Devia ser condenada", gravada pelo parceiro no disco "As flores em vida", produzido pelo poeta Paulo Cesar Pinheiro, em homenagem a Nelson Cavaquinho, na década de 1980. Em 1981, Artur Oliveira concluiria o samba "Vem", que Cartola deixara inacabado, e seu livro escrito juntamente com Marília Trindade Barboza, a biografia "Cartola, os tempos idos" seria lançado pela Funarte, em 1983. No ano seguinte, também pela Funarte, sairia o LP "Cartola, entre amigos". Ainda na década de 1980, a gravadora Som Livre produziu o disco "Cartola -Bate outra vez", onde intérpretes dos mais variados estilos, como Gal Costa, Cazuza, Luiz Melodia, Beth Carvalho, Paulinho da Viola, entre outros, interpretam algumas de suas composições. A cantora Marisa Monte viria a incluir em seu repertório o lundu "Ensaboa", composto em 1975 e gravado pelo compositor em seu segundo LP.

A cantora Claudia Telles, filha de Silvinha Telles, um dos ícones da Bossa Nova lançaria, em 1995, um CD no qual interpreta composições de Cartola e Nelson Cavaquinho. Em 1997, a Editora Globo lançou o CD e o fascículo Cartola, na Coleção "MPB Compositores" (Nº 12). No ano seguinte, Elton Medeiros e Nelson Sargento gravaram o CD "Só Cartola", que lançaram em shows bastante aplaudido em casas noturnas como o Mistura Fina, no Rio de Janeiro. Elton Medeiros também se apresentou com a cantora Márcia no espetáculo "Cartola 90 anos", que resultaria em CD lançado pelo SESC/SP, ainda em 1998. No mesmo ano, o grupo Arranco (ex- Arranco de Varsóvia) lançou o CD "Samba de Cartola", pela Dubas, gravadora criada pelo letrista Ronaldo Bastos.

Em 2001, a RCA Victor, comemorando 100 anos, lançou em CD o disco "Cartola - Verde que te quero rosa". Nesse ano foi fundado o Centro Cultural Cartola tendo por base a obra do compositor. No ano seguinte, o cantor Ney Matogrosso lançou em show no Canecão o CD "Cartola" com repertório todo dedicado ao compositor da Mangueira.

Em 2003, sua neta descobriu numa pasta vários letras inéditas que deverão ser musicadas por antigos parcerios e lançadas em CD. Ainda em 2003, a cantora Beth Carvalho lançou o CD "Beth Carvalho canta Cartola", coletânea de vários sucessos do sambista mangueirense por ela interpretados em seus discos. Nesse trabalho, produzido pelo crítico musical e escritor Rodrigo Faour, foram incluídas "Camarim", "Consideração", "Motivação", "Cordas de aço", "Acontece" e "O mundo é um moinho", entre outras.

Em 2004, estreou no Centro Cultural Banco do Brasil o espetáculo musical "Obrigado Cartola", de Sandra Louzada, com direção de Vicente Maiolino, contando a vida do compositor e apresentando sambas clássicos como "Quem me vê sorrir", "Sala de recepção" e "Alvorada".No espetáculo o compositor foi vivido pelo ator Flávio Bauraqui. No mesmo ano, foi lançado pela Editora Moderna o livro "Cartola", de Monica Ramalho. Em 2007, foi lançado no Cine Odeon o filme "Cartola - música para os olhos", com direção de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda. Em 2008, esquecido no ano de seu centenário pela escola de samba Estação Primeira de Mangueira que ajudou a fundar, foi, no entanto homenageado pela escola de Samba Unidos do Tuiutí com o enredo "Cartola, teu cenário é uma beleza" que ajudou a escola de São Cristóvão a subir para o grupo de Acesso A. Nesse ano, dentro das comemorações pelo seu centenário foi lançado pelo selo Biscoito Fino o CD "Viva Cartola - 100 anos" que incluiu gravações lançadas em outros discos com destaque para os sambas "Todo o tempo que eu viver" cantado por ele próprio, Paulinho da Viola e As Meninas da Mangueira, faixa do disco "Tom na Mangueira", "Festa da Penha" interpretada por Marcos Sacramento, "O mundo é um moinho", cantado por Pedro Miranda e grupo Tira Poeira, e a versão intrumental de "Amor proibido" tocado por Zé Paulo Becker. A única faixa inédita do disco é "Basta de clamares inocência" gravada por Martinália.


Confira demais dados sobre Cartola como Obra, Discografia e Crítica na página do Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.


BIBLIOGRAFIA CRÍTICA

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB - A História de um século. Rio de Janeiro: Funarte, 1998.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário biográfico da música popular. Rio de Janeiro; Edição do autor, 1965.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

RAMALHO, Monica. São Paulo: Moderna, 2004.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.

SILVA, Marília Barboza da e FILHO, Arthur de Oliveira. Cartols - Os tempos idos. Rio de Janeiro: Funarte, 1983.

VASCONCELOS, Ari. Panorama da música popular brasileira - volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.


Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira

Fonte Imagens:
Imagem I - http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/1/1a/Cartola.jpg
Imagem II - http://www.radio.usp.br/imagens/cartola2.pg


Confira também:
Vídeos do Cartola
Crônica Cartola é 100
Deixe-me ir, preciso andar
Cartola Canta em Dois Vídeos
Cartola Versão Surf-Music
Cartola ganha Documentário

Nenhum comentário: