terça-feira, 16 de outubro de 2007

Na construção de uma mídia livre

“Sem-Mídia” reúnem-se em SP e decidem criar ONG

Assembléia do Movimento dos Sem-Mídia, realizada sábado em São Paulo, aprova estatuto de nova organização que pretende lutar pela construção de uma mídia livre, ética e plural.

por Lula Miranda - Especial para Carta Maior

SÃO PAULO - Militantes do MSM (Movimento dos Sem-Mídia) reuniram-se em assembléia, no sábado (13), e constituíram uma Organização Não-Governamental que, além de lhe conferir, daqui pra frente, um novo status, vai auferir um arcabouço legal e jurídico à sua luta por uma mídia mais democrática e pluralista. O MSM ganha, enfim, “concretude” – por assim dizer.

A Agência Carta Maior (citada e bastante aplaudida durante o evento) esteve presente cobrindo a assembléia dos “semidianos”. Estiveram por lá, também, jornalistas do site “Conversa Afiada”, do jornal “Hora do Povo” e também dois representantes do jornal “Gazeta de Cotia”. Nenhum veículo da chamada grande imprensa cobriu o evento.

Os cerca de 45 “semidianos” presentes ao ato (dos oitenta e poucos que haviam confirmado presença) cumpriram, de modo surpreendente até, o ritual burocrático e soporífero de constituição de uma ONG. Vale salientar ainda que a data caiu num sábado “espremido” por um feriado e, além do mais, era necessário cumprir todo um aborrecido rito legalista.

Muitos escutaram, atenta e pacientemente, a leitura do estatuto, alguns debateram-no e até sugeriram alterações em alguns dos seus pontos. Como, por exemplo, a polêmica alusão, constante em seu artigo terceiro, à defesa e incentivo a uma mídia “imparcial”, que tenha como única fonte a “verdade”, como sendo um dos objetivos do movimento. Questionou-se o uso das palavras “imparcial” e “verdade”. Após breve debate, ficou decidido que o termo “plural” ou “pluralismo” seria suficiente e necessário para definir o tipo de mídia que reivindicam (e defendem). Alguns integrantes do movimento manifestaram claramente a opinião de que a imparcialidade na mídia é, na verdade, um mito e aquilo que desejavam, e cobravam, era “apenas” liberdade e espaço para manifestação dos mais variados pontos de vista e ideologias.

Para além dessas polêmicas levantadas, que poderiam parecer, aos olhos e ouvidos de alguns indivíduos mais impacientes e desatentos, mera “filigrana” semântica (nunca é demais lembrar: o diabo se esconde nos detalhes), colocamos abaixo alguns trechos do estatuto do MSM que julgo importante ressaltar (o texto completo poderá ser lido no blog de Eduardo Guimarães.

“ART. 3o – O MSM tem por objetivos e finalidades:

I – Defender e incentivar uma mídia livre, ética e imparcial [palavra a ser retirada, por decisão da assembléia], que tenha como única fonte a verdade, utilizando de transparência na divulgação dos fatos, sem distorções ou manipulações de qualquer ordem, veiculando as opiniões e manifestação de todos os matizes ideológicos, políticos ou sociais, sem privilegiar quaisquer grupos sociais e políticos;

II – Atuar de forma autônoma e independente, sem vinculação ao poder público de qualquer esfera [municipal, estadual e federal], nem a partidos políticos, procurando prestar um verdadeiro serviço de interesse público;

III – Defender o ideal de uma mídia Republicana, voltada para o interesse coletivo, sempre de forma pacífica, ordeira e civilizada, não utilizando ofensas, nem qualquer violência, contra pessoas ou bens públicos (ou privados) em suas manifestações;

(...)”

Após aprovarem o seu estatuto os “sem-mídia” votaram novamente e elegeram sua diretoria executiva. A presidência ficou a cargo do paulistano Eduardo Guimarães (comerciante), a vice-presidência coube à carioca Vera Pereira (socióloga). Os demais cargos ficaram com os “semidianos” paulistanos Antonio Donizete (advogado militante), Antonio Arles (historiador), Tahis Barbour (advogada) e Ricardo Veronez (artista gráfico) e, por último, a também carioca Laura June Xavier (empresária e artista-plástica).

Como se pode notar, São Paulo e Rio de Janeiro hoje “monopolizam” os cargos de direção no MSM – militantes de outros estados mais distantes do eixo RJ-SP ou não pleitearam cargos na direção do movimento ou não puderam comparecer a assembléia. Muitas pessoas de outras cidades, espalhadas por todo o país, têm manifestado o desejo de inaugurar em seus municípios espécies de “franquias” ou, melhor dizendo, sucursais do MSM.

O próximo passo do movimento será, segundo decidiu a assembléia, apesar de reconhecerem a necessidade de um ato no RJ o quanto antes, uma manifestação, ainda na cidade de São Paulo, no dia 10 de novembro, a partir das 10h, em frente ao prédio das Organizações Globo (o primeiro ato foi, também em SP, em frente ao prédio do jornal Folha de S.Paulo). Espera-se que as manifestações do MSM transcendam os limites de São Paulo. A mídia é oligopolista também no Rio Grande do Sul, no Maranhão e na Bahia – só para citar uns poucos pontos no chamado “mapa da dominação”.

Até lá, além de um estatuto e uma diretoria eleita, já terão CNPJ e endereço fixo – saltará, portanto, do mundo virtual para o real. Acompanhemos de perto as movimentações e manifestações dos “sem-mídia”. Seus objetivos e demandas parecem nobres e justos. Oxalá cresçam, se desenvolvam e sigam agregando forças e mais militantes à sua causa. Para tanto será necessário que seus membros dialoguem e interajam com outros movimentos e organizações da sociedade que também observam e fazem a pertinente crítica da mídia. Podem, por exemplo, se candidatar a participar da Conferência Nacional de Comunicação, prevista para meados de 2008 – agora, na condição de ONG dos Sem-Mídia.


Fonte: AgênciaCartaMaior

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2 comentários:

Anônimo disse...

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