segunda-feira, 16 de julho de 2007

Curta Pela Rua

Curta-metragem livremente inspirado em poema de Ferreira Gullar

Pela Rua é um curta gaúcho baseado em poema homônimo de Ferreira Gullar. O próprio poeta recita a poesia, gravada no Rio de Janeiro, que, após isso, foi mixada paralelamente à leitura do ator Alexandre Vargas. Rodado em Porto Alegre, o filme mostra um poeta que, durante a criação de um poema, vaga, entre pensamentos e desejos, atrás de sua musa. Na construção dos versos, o personagem devaneia buscando inspiração na visão de uma linda mulher inalcançável, nisso perde a oportunidade real de encontrá-la.

Como Ferreira Gullar foi um dos responsáveis pela revisão da obra de Augusto dos Anjos, colocando-o em seu devido lugar de destaque na poesia brasileira e suscitando a justa importância que este nosso raro poeta merece, em Pela Rua a uma referência à Augusto dos Anjos registrada em um cartaz que figura dentro de um bar atrás do protagonista. Assista abaixo este curta-metragem.
Y.H.

Pela Rua


Sinopse
Poeta vaga solitário por uma grande cidade, perdido em seus desejos, inspirações e pensamentos. Entre encontros e desencontros, imaginários e reais, ele acha motivação para compor seus versos.

Gênero Ficção
Diretor
Dimitre Lucho / Michele Maurente
Elenco
Alexandre Vargas, Júlia Pressotto, Jesse Guelfi, Carlos Azevedo
Ano
2003
Duração
8 min
Cor Colorido
Bitola 16mm
País
Brasil

Ficha Técnica
Produção
Mônica Schmitt Fotografia Viviane Schwagwer Roteiro Dimitre Lucho Som Direto Yerko Herrera Direção de Arte Yerko Herrera Voz Ferrereira Gullar, Alexandre Vargas Trilha original Diasper Lucho Figurino Patrícia Aranguiz Still Leandro Caobelli, Carlos Gerbase Supervisão de Som e Mixagem Cristiano Scherer


Pela Rua (Ferreira Gullar)

Sem qualquer esperança
detenho-me diante de uma vitrina de bolsas
na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, domingo,
enquanto o crepúsculo se desata sobre o bairro.

Sem qualquer esperança
te espero.
Na multidão que vai e vem
entra e sai dos bares e cinemas
surge teu rosto e some
num vislumbre
e o coração dispara.
Te vejo no restaurante
na fila do cinema, de azul
diriges um automóvel, a pé
cruzas a rua
miragem
que finalmente se desintegra com a tarde acima dos edifícios
e se esvai nas nuvens.

A cidade é grande
tem quatro milhões de habitantes e tu és uma só.
Em algum lugar estás a esta hora, parada ou andando,
talvez na rua ao lado, talvez na praia
talvez converses num bar distante
ou no terraço desse edifício em frente,
talvez estejas vindo ao meu encontro, sem o saberes,
misturada às pessoas que vejo ao longo da Avenida.
Mas que esperança! Tenho
uma chance em quatro milhões.
Ah, se ao menos fosses mil
disseminada pela cidade.

A noite se ergue comercial
nas constelações da Avenida.
Sem qualquer esperança
continuo
e meu coração vai repetindo teu nome
abafado pelo barulho dos motores
solto ao fumo da gasolina queimada.



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